Aprovação de Flávio Dino para o Supremo mostra que a maioria dos senadores ainda tem preço. A boa notícia é que o eleitor, desta vez, entendeu
Sergio Moro, Romário, Mara Gabrilli, Ciro Nogueira, Kajuru. Qual deles votou a favor de colocar Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal? Todos? Ou foram outros? Não se sabe, talvez nunca se saiba. Porque a votação é secreta, e o eleitor não tem o direito de saber. Mas por que o rito para a mais contestada indicação à Corte pela sociedade ocorreu de forma tão açodada e sem nenhum amparo no Regimento do Senado Federal? A resposta: porque quem decide se algo está ou não de acordo com as regras do jogo é o senador Davi Alcolumbre, do Amapá.
Foi assim que a quinta-feira 13 entrou para a história da política brasileira como a mais vergonhosa sabatina já realizada pelo Senado para a cadeira de um ministro do STF. A abertura da sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a porta de entrada do Congresso para qualquer coisa, foi marcada pela intervenção certeira do senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Em uma fala de dois minutos, ele mostrou que aquela sabatina era um jogo de cartas marcadas. Vieira pediu que Alcolumbre apenas citasse qual artigo do Regimento do Senado havia sido adotado para realizar uma sabatina conjunta de Flávio Dino e Paulo Gonet, indicado para a Procuradoria-Geral da República. Alcolumbre foi direto: “Porque esta presidência decidiu”. Vieira ainda insistiu, já que a questão é óbvia: “Onde isso está escrito?”. Não houve resposta.