O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, propôs um modelo polêmico para a Previdência: ajustar automaticamente o tempo de contribuição de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros. A ideia, apresentada por ele como uma solução para evitar reformas periódicas, tem sido vista por críticos como uma tentativa de transferir o ônus da sustentabilidade previdenciária para a população trabalhadora.
Zema utilizou dados do IBGE que mostram o aumento na expectativa de vida no Brasil para justificar a proposta. Ele argumentou que viver mais deveria significar trabalhar mais, ignorando as dificuldades enfrentadas por milhões de brasileiros que lidam com jornadas exaustivas e condições precárias de trabalho. “O ônus de viver mais é também trabalhar mais. Eu entendo assim”, afirmou o governador, gerando repercussão negativa entre sindicatos e trabalhadores.
Apesar de ter promovido uma reforma previdenciária estadual em 2020, Zema não incluiu essa proposta de ajuste automático na época. Agora, a ideia surge como uma alternativa que, na prática, pode ampliar ainda mais as desigualdades no sistema previdenciário. Para muitos, a medida desconsidera a realidade de setores que enfrentam baixa qualidade de vida e menores expectativas de vida.
Além disso, o governador sugeriu a contratação de servidores temporários para instituições militares como forma de aliviar os custos da Previdência estadual, o que também levantou questionamentos sobre a precarização do trabalho e a redução de direitos. A proposta reflete, para críticos, uma visão tecnocrática e insensível, que não considera o impacto social de medidas que ampliam o tempo de contribuição e fragilizam as relações trabalhistas.
A declaração de Zema, em que cita protestos na França como algo que deveria ser encarado com “naturalidade”, só ampliou a insatisfação. “Estamos vivendo mais e deveríamos agradecer, e não ficar reclamando de trabalhar mais três, quatro anos”, disse o governador, provocando ainda mais reações negativas de quem vê na fala um distanciamento da realidade enfrentada pela maioria dos brasileiros.
via Portal Minas